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    GOAT (HIM): final explicado — O simbolismo

    Subtexto de horror esportivo: culto, corpo e a fabricação de mitos.

    Este final explicado organiza o filme do começo ao fim, com panorama de elenco/produção, leitura de simbologia e o sentido do desfecho. Dirigido por Justin Tipping e produzido pela Monkeypaw, GOAT (título internacional ) tem 96 minutos e mira a anatomia da grandeza competitiva por um prisma de culto. Cameron “Cam” Cade () é um quarterback em ascensão que, após um trauma, aceita treinar com o ídolo Isaiah White () num complexo isolado.

    A mentoria vira seita: treino extremo, “ciência” que parece ritual, isolamento como ferramenta de doutrinação, e uma curadoria calculada de imagens — câmeras, telões, prêmios — para transformar corpo e biografia em propriedade. Kira Kelly (fotografia) e Bobby Krlic (trilha) costuram suor, respiração e ruídos industriais em planos longos que grudam no corpo; o objetivo não é “ganhar o jogo”, mas mostrar quanto de você o jogo exige. Para quem acompanha nossos lançamentos de cinema, o recorte aqui é direto: como a indústria fabrica GOATs.

    Simbologia, metáforas e easter eggs

    O título joga duplo: GOAT como “Greatest of All Time” e o bode literal — animal associado a ganância, idolatria e sacrifício. Essa chave visual atravessa o filme: silhuetas com chifres, máscaras em treinos, troféus que lembram altares, e a iconografia do campo (linhas, números e end zones) redesenhada como círculo ritual. Há quadros que citam a crucificação (o corpo aberto para espetáculo) e um pentagrama pintado no gramado, que desloca o estádio de templo do entretenimento para templo do sacrifício; a mensagem não é sutil.

    Entre os “easter eggs”, repare nos exames de imagem exibidos durante as sessões — o horror de contato sendo literalizado em radiografias —, nas falas sobre “transferir” grandeza (como se excelência fosse um fluido), e nas presenças pop que ironizam o circuito do espetáculo (participações de comediantes, músicos e influenciadores como extensões do marketing). No material promocional e no trailer, a frase “no guts, no glory” reaparece como mantra de culto, deixando claro que a moeda cobrada é sangue e reputação.

    Final explicado: o que acontece (e o que significa)

    No clí, Cam percebe a engrenagem por trás dos Saviors: uma irmandade de donos, agentes e médicos que seleciona e “transfere” o status de GOAT para manter a marca viva — literal e simbolicamente — por meio de rituais que envolvem o sangue do antecessor. O confronto com Isaiah não é só físico; é um embate entre dois contratos: o do mito (assinar, obedecer, perpetuar) e o da pessoa (recusar, sangrar, romper).

    Cam recusa a assinatura e detona o teatro, encerrando a sucessão em vez de herdar o trono. O gesto final não promete felicidade — o personagem sai livre e marcado —, mas redefine o verbo “vencer”: deixar de ser o veículo de uma lenda lucrativa para voltar a ser sujeito. O estádio, que no início iluminava o ídolo, termina iluminando o preço. Observação útil para o público: não há cena pós-créditos; o filme corta no choque e no silêncio, coerente com a recusa de “tag” que abriria franquia ou teaser.


    Por que importa

    Enxerga o esporte como culto e o corpo como contrato.

    Rebate a idolatria masculina embutida no termo “GOAT”.

    Abre debate sobre mentoria predatória, saúde mental e espetacularização da dor.

    Veja o Pôster de GOAT:

    Goat

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